quinta-feira, 28 de setembro de 2017

0615


e eu sei que eu fui tão tolo em acreditar
que abraços não viriam com punhais
a serem fincados em minhas costas,
e todo sangue que ainda escorre
canta as dores das mágoas que jamais serão esquecidas...
"são só feridas inflamadas, dores que logo passam" - minto ao espelho esboçando um sorriso, tentando enganar o reflexo do outro lado,
mas são asas serradas, partes que não crescem mais,
de mais um suicídio em que a alma insiste em não partir...

não há nada aqui...

Verão 17/18


e o coveiro expandiu o que sobrou, 
dando novas impressões de estar completo, 
mas completo em que?
em vazio, mas de vazio nada é,
nunca esteve preenchido

então o que sobrou, 
senão retalhos de uma concha desguarnecida?
o exterior é o que sobrou, 
e quem partiu já estava adormecido, 
um Morto-vivo em estado vegetativo, 
incapaz de acordar

então que venha a chuva, 
que sopre o vento e faça-se arruinar
em tempestade
todas essas cascas imundas 
de quem já perdeu ulcerado em rancor

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