domingo, 20 de abril de 2025

(Des)temor


 
nestes últimos quatro meses, eu até senti esperança algumas vezes.
mas, cada vez que a sentia,
não demorava muito até que ela se desmanchasse completamente diante dos meus olhos.
então, eu abandono a esperança.
eu não preciso de esperança.
quem precisa de esperança?
no fundo, 
eu queria poder sentir esperança genuína.

terça-feira, 15 de abril de 2025

Ampulheta



me pego almejando que este seja meu último outono,
pois muito falhei ao tentar buscar novas rotas e pelo escuro me guiar,
mas terminei me perdendo ainda mais.

a sua falta me faz temer a sua demora,
e eu temo não aguentar estar aqui pra poder te ver bem
e te dizer que sinto muito por não conseguir te acompanhar.

eu ainda estou aqui, 
dói esperar,
mas vou tentar.

quinta-feira, 10 de abril de 2025

Eu preciso desabafar.



Eu mantenho este blog desde os meus 18 anos de idade, e aqui sempre vomitei, em versos livres, os meus mais profundos e obscuros sentimentos. Como podemos ver, faz muito tempo que minha mente é perturbada. No dia 11 deste mês, amanhã, completo 33 anos, e como nunca sabemos o dia de amanhã, sinto que preciso desabafar — desta vez, por meio de um texto.

Eu estou um completo caco, sabe? Ao longo de todo esse tempo, não foram poucas as vezes em que cheguei ao limite — e sempre voltei dele —, tendo passado por diversos altos e baixos, tendo visto o abismo como enxergo a ponta do meu nariz por entre os olhos. Desde 2023, minha saúde mental vem piorando gradualmente, de pouquinho em pouquinho, com um rápido declínio a partir de outubro de 2024. Eu também não me ajudei, mantendo comportamentos erráticos, impulsivos, obsessivos e autodestrutivos. Minha cabeça está tão fora do lugar que eu acredito — estou convicto — de que é impossível me recuperar, pois já cruzei praticamente todas as linhas vermelhas do que é aceitável para continuar lutando.

Crises intensas de borderline, crises de hipomania e depressão da bipolaridade, a falta de perspectiva e a incapacidade de ter objetivos ou sonhos têm me machucado bastante — estou estraçalhado, no chão, e meus demônios interiores continuam a me torturar.
Neste declínio, percebo que estou me tornando uma pessoa cada vez menos capaz de viver em sociedade, pois já não suporto mais minhas emoções, já falho em lidar com as coisas da vida de forma saudável.
Acordo me perguntando o porquê de ainda estar aqui, e ao longo do dia vivo me repetindo: "Eu não vou conseguir..." Tento me apegar às coisas de que gosto, mas elas já não são mais suficientes. Ao longo do dia, minha mente simplesmente desliga, porque eu não quero ter que lidar com toda essa dor.
Sinto-me como um trem em alta velocidade, prestes a colidir com uma parede e descarrilar.

Tenho vivido um intenso desespero, do qual não consigo alívio. O desespero tem sido tão grande que, em certos momentos, implorei por um milagre, por compaixão de alguma divindade ou força que venha a existir — que creio não existir —, mas que gostaria que existisse. O mundo é um lugar injusto demais, e dói demais pensar que tudo isso é apenas isso: tudo em vão.

Estou a um inverno de finalmente desistir, caso as coisas dentro da minha cabeça não se acalmem. E se eu desistir, não foi por culpa de ninguém. No fim das contas, somos todos frutos das circunstâncias e de fatores que não temos qualquer controle, onde, no máximo, temos a ilusão de que há alguma liberdade de ação — quando, na verdade, não há.

quarta-feira, 2 de abril de 2025

Abril

 


abril chegou, e com ele tanta dor,
tantas lembranças de quando sentia paixão em ser,
amor em ver e ouvir o som dos pássaros, 
ou mesmo das buzinas ao longe em meio a vozes inaudíveis.
hoje dissocio,
pra não ter que lidar,
por não poder suportar,
pois cada uma dessas lembranças é como lâmina em gume vivo
inevitavelmente talhando sob um coração já devastado.

sobreviver ao mês de abril sempre foi difícil, 
e diante do pior desde 2010,
queira Eu que este seja o último,
pois cada suspiro é carregado de pesadas bagagens
daquelas que não quero mais carregar.

terça-feira, 1 de abril de 2025

batalha perdida



pesado como nunca,
nada mais é suficiente pra fazer distrair.
nada acontece, o tempo se esgota,
e mais uma vez...
nada acontece.
tudo que esperei não era nada menos que um "milagre",
mas milagres são doces ilusões que nunca acontecem.
essa dor não vai passar, e definitivamente esta é uma batalha perdida,
ou vai que algum milagre aconteça antes do tempo esgotar, né?
asco.

Endereço mudou para recipientevazio.wordpress.com

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