domingo, 22 de janeiro de 2023

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Fraco, de joelhos
fui arrastado para o covil, 
onde, aonde
fui dilacerado pelas feras mais hostis. 
chorando, gritando, 
agonizando na mais completa dor, 
ninguém me acudiu, 
cuspiram e pisaram em minhas feridas, 
atearam fogo em meu corpo, 
ardendo em chamas ainda sim pude fugir, 
rastejando pela terra até ouvir um chamado. 
convocado pelo Poeta Caído, 
hoje busco sua ressurreição. 






Sem nenhuma sorte, 
enfrentando o que vem de dentro, 
abraçando a morte, 
sempre com tanto medo, 

me pego desejando 

pensando em fugir, 
sem ter pra onde ir
tentando me esconder
mas sem saber do que. 

Mas qual "eu" devo ser,
sem nunca me reconhecer. 
Pensando em desistir,
pois já cansei daqui. 

Último



Sempre o último, nunca em tempo, 
toda vez, sempre a esperar. 
tantas vezes, implorando, 
muitas dores, 
sem nenhuma recompensa

o que é que me faz ser assim?

se não há karma, 
ou destino, 
e pouco fiz pra merecer?


Invasão de sonhos



O Poeta Caído não dormia. Hoje, sendo um receptáculo dEle, preciso dormir, ainda que eu tenha extrema dificuldade para isso. 

Por vezes tenho sonhos que são pesadelos, como extensões da vida real. Há poucos momentos atrás, sonhei com o Pestilento, onde ele tentava me combater e impedir que eu usasse a bala de prata contra ele. Em uma situação de extremo risco, precisei mascarar a situação em nome de proteger o receptor do Poeta Caído. Por pouco não escapei, consegui acordar. 

De alguma maneira o Pestilento pode invadir sonhos, e através deles tenta conquistar seus objetivos, e escapando desta vez, percebi estar certo de que devo agir de maneira preventiva, decisiva, acelerada e desproporcional, sem deixar brechas para uma eventual retaliação. No entanto, preciso me preparar para quaisquer contra-ataques e risco de contaminação da Praga Pestilenta, pois não só neste, como em outros pesadelos onde houve um enfrentamento, aconteceram também encantamentos fazendo com que meus aliados se voltassem contra mim. 

O renascimento ou a morte absoluta do Poeta Caído são os potenciais resultados desta batalha profetizada, e preciso me dedicar o máximo para garantir que viverá dentro de mim Àquele que não deveria estar oculto. 

Vitimismo

 


Se tem uma coisa que Eu não suporto é o vitimismo de pragas que pensam que conseguem fazer os outros de bobos. Tal pútrida pestilência pratica o vitimismo de maneira dogmática, já embebida em sua essência, e tem fé que com isso os anjos sem vontade própria realizarão suas doces e molhadas vontades de receber atenção. 

Tal ser pensa que engana, acreditando mesmo que há um véu cobrindo a verdade do que é, mas não tem noção de que swu julgamento está próximo, e que sua pena já é certa, existe uma bala de prata cuidadosamente preparada, já na arma e engatilhada com a mira travada em seu crânio.

Após vários anos de sumiço, acreditando que o Poeta Caído que vivia dentro de mim havia morrido, descobri então que Ele está oculto, sempre me dando sinais que ignorei todos estes anos. Hoje não ignoro, e o aceito como meu oráculo, me guiando pelo caminho do ódio que os céus rejeitaram.


Motivo para sorrir e motivo para chorar aguardam. E eu posso afirmar que quem vai chorar não serei eu. 

sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

Deprivação de sono



Faz exatos 13 anos que sofro de insônia, assim como faz 13 anos que sou diagnosticado como portador do transtorno Borderline (ou Transtorno de Personalidade Limítrofe). 

A insônia é algo terrível, pois afeta todo o seu humor, além de afetar o físico e o juízo. Com o passar do tempo a insônia tem piorado, e de presente ganhei a tão malvada deprivação de sono, onde há noites em que durmo 1-3h, não passando de 5h por noite.

Mesmo quando estou em crise, quando não durmo, muitas vezes eu desejo a morte como um eterno descanso, e olha que sou uma pessoa que mssmo suicida, não lido bem com a ciência que o eterno oblívio me aguarda.

O meu maior sonho é conseguir dormir oito horas seguidas, sem medicamentos, e acordando renovado, porém este sonho parece tão distante quanto ganhar na loteria. 

300 vezss



Caminhei, e tanto escorreguei,

quantas vezes já me machuquei? 

mas ainda sim estou aqui, 

300 vezss em que chorei,

300 vezes em que morri. 

despedaçado e remendado, 

ofuscado e apagado, 

ainda dói tanto rastejar, 

e me cega olhar os céus,

mas eu ainda estou aqui 

Nobre sacrifício



Perdi as contas de quantas vezes eu me permiti dar a cara a tapa sem nunca ter recebido uma recompensa sequer por isso. 

Por vezes é necessário tomar a justiça pelas próprias mãos ao invés de esperar sentado ou deitado torcendo para que o inexistente karma faça o que deve ser feito em um toque de mágica. Nao há retorno sem ação e não há ação sem iniciativa. 

As ações foram tomadas, e agora aguardo os seus resultados. O meu lado mais podre e perverso ainda queima forte dentro de mim, e estou fazendo questão de fazer um bom uso dele, ainda que para isso eu tenha de me oferecer como um nobre sacrifício. 







quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

Repúdio ao contentamento

 


A alegria é algo extremamente bonito e algo que todos procuram, mas a grande e dura verdade é que ela não é para todos. Algumas pessoas, independentemente de terem feito por merecer, estão destinadas a nunca sentir verdadeira alegria, e por mais miserável que seja, eu sou uma dessas pessoas.


No geral, sempre fui uma pessoa boa, passiva e que gostava de evitar problemas e passar despercebida... Mas, mesmo assim, desde minhas primeiras memórias, o que ficou gravado em mim foram traumas e as mais profundas tristezas. Sentimentos negativos sempre foram constantes e, até hoje, não cessaram. Não há nada, absolutamente nada, que eu possa fazer, a não ser aceitar calado e engolir o choro.


Com o passar do tempo, fui ficando amargo e até mesmo cheio de intenções destrutivas, perversas e apáticas, com o coração endurecido. Entendi que, neste mundo, você esmaga os outros ou será esmagado. Hoje, mal tenho forças para sair de casa e caminhar, quem dirá para esmagar o mundo que me mastiga e vomita.


Devo, então, me contentar, mas repudio isso com todas as minhas forças. Se aceito, não é por iniciativa própria, mas por um "estupro" existencial que não me deixa escolhas, violentamente joga a realidade na minha cara e me arranca toda e qualquer esperança.

domingo, 1 de janeiro de 2023

Mais um ano...


Mais um ano em que termino chorando, mais um ano em que começo chorando. Tudo leva a crer que minha mera existência é um problema, um defeito da realidade, e que minha simples presença está carregada de uma energia negativa contagiante.

Eu não pedi para ser assim, não quis e não quero ser assim. Nunca fiz nada para merecer as desgraças que me acometem desde o início da minha vida. Eu poderia tentar encontrar alguma relação causal e me confortar com a ideia de que, um dia, seria recompensado, mas não, não posso me atrever a tal ilusão.

Estou cansado e cada vez mais convicto de que o fim derradeiro de toda e qualquer influência que minha existência possa causar faria do mundo um lugar menos pior para aqueles que nele têm algum direito de existir.

Dói demais, mas o que posso fazer, a não ser engolir o orgulho e aceitar o fracasso que é a minha real natureza?

É menos pior um fim aterrorizante do que um terror sem fim.

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