domingo, 26 de março de 2023

Mãos

humilhado ao ter sonhado alto,
não imaginei que escorregaria
do alto do pedestal em que me coloquei,
nem imaginei que me machucaria tanto a ponto de sangrar. 
novamente me encontro aqui, 
no fundo deste poço que já conheço há tanto tempo,
não quero mais machucar as minhas mãos
tentando escalar estas paredes sabendo que no final eu sempre cairei, ou que alguém pisará em minhas mãos ao chegar à superfície


Sol forte de fevereiro

desafiando a si mesmo, pondo a própria vida como troféu entre a prata e o ouro que não mais brilham, competindo com a alma e o coração, nunca há vitórias, nem derrotas, então se não há nada, me diz então o que são essas feridas que não ardem tanto quanto os cortes de 2015, mas ainda queimam a pele como o sol forte de Fevereiro

Sem título

deixar escorrer pelas mãos como água todas as chances de se reerguer por não ter tantas certezas de que irá crescer, nem querer arriscar
se permitir viver como o antigo é tão novo para uma mente que não vê como familiar onde sempre esteve, e isso tudo é tão pequeno, mas com sombras grandes o medo sempre ataca, enquanto os olhos ardem, fechados, ao imaginar a luz no fim do túnel, tão distante é o destino

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Projetar metas sempre foi o mais difícil
para quem continuamente enxergava apenas o fim e não os caminhos a percorrer
o passado me persegue tal como a sombra negra,
se distocendo frente a luz, desenhando monstros em todas as paredes,
me fazendo recordar das pragas que devoram o que já foi regurgitado pelo mundo,
pleno em tantas mágoas, vago nas vantagens e nas migalhas que guardei para as memórias, tão distantes que nem parecem mais reais
e eu ainda sonho, movido pelas faíscas, vazias esperanças,
mas eu já não sei o que quero, ou se realmente ainda quero qualquer coisa...

Espelho



o que me faz sentido quando pergunto "quem é você?"
e o reflexo do outro lado do espelho sequer move a boca?
e sem respostas, eu me encontro nessa busca
que eu não sei se terá fim,
e sem respostas, eu fujo do que não conheço,
acomodado neste lugar,
mentindo, sem nem saber o que me aguarda

"onde?", "quando?", "por que?"

Vingança e Renascimento #2: Ódio eterno, sede insaciável.

Postagem de 2015 que estava salva nos rascunhos:

Após o que aconteceu anteriormente, fiz um juramento aos meus guardiões: jurei que destruiria o que restou do Coliseu, assim como os falsos deuses de pedra, Artemis (que escapou dos Narakas) e Pã, amaldiçoado com laços de dominação (obra de magia) em seus chifres, perdendo assim o controle de seu juízo e não merecendo mais misericórdia por tamanha intransigência.


O vazio que havia em meu peito foi preenchido com o mais puro ódio, e minha mente focou-se em uma sede por justiça que era mais forte do que eu.


"Ódio! Ah, o ódio! A emoção mais bela e mais forte que um ser senciente pode ter" — dizia a Estrela da Manhã, brilhando nas profundezas de minha alma.


"Ódio que move montanhas e que motivou sua ascensão, como não admirar?" — dizia o Poeta Caído, sorrindo e demonstrando ser um apreciador de fortes emoções.


Tem gente que diz que o ódio envenena nossa essência. Tem gente que diz que o ódio não leva a lugar algum. São todos tolos, pois não há perfeição maior do que aquela encontrada nesse sentimento. É como se fosse um poderosíssimo combustível para seguir em frente e derrotar aqueles que devem ser derrotados.


Há uma vontade enorme dentro de mim, uma vontade de fazer justiça...


Deixo nas mãos da Estrela da Manhã e do Poeta Caído a tarefa de forjar as lâminas com as quais fincarei os corações dos deuses corruptos, que irão sofrer em excruciante dor.


Enquanto isso, deixo que os corruptos sejam perseguidos pelo próprio medo e pela ansiedade negativa do que está por vir.

Pequeno



O Poeta Caído se sente pequeno, minúsculo. 
Muito de sua busca sempre tem sido sobre se sentir alguém real, querido e desejado, alguém a ser tido como exemplo. Repetidamente é jogado em sua cara o quão insignificante ele é, e embora em sua terrível solidão ele finja que não dói, dói muito.
Ao ser flagelado como inimigo, por dentro ele chora. 
Quando palavras especiais são banalizadas, elas são esvaziadas de valor, e se tornam nada mais que palavras, apenas repulsivas.
O Poeta Caído tem remado contra a maré, e suas âncoras já não atracam mais a lugar algum.
O Poeta Caído já não enxerga mais horizontes, e tem medo de se afogar, mas já não aguenta mais a água fria e turbulenta. 

sábado, 25 de março de 2023

Poço



O Poeta Caído conhece o fundo do poço como ninguém. Ele tem seu próprio poço, e nele faz moradia há tantos anos que ele não lembra como é viver em lugares altos ou ao menos ao nível do chão.
Ele ouvia de histórias em que pessoas jogavam moedas nos poços e realizando desejos, mas em seu poço não há moedas. Será que as pessoas pararam de desejar? Ou será ele que nunca terá sua existência desejada?
O Poeta Caído muitas vezes tentou escalar o poço, apenas para machucar suas mãos, e quebrar as pernas com as quedas. O poço é escuro, e vazio a ponto de ecoar, mas algo muito presente é a cheiro de sangue. 

sábado, 18 de março de 2023

Confronto



O Poeta Caído sempre teve problemas para lidar com outras pessoas. Elas costumam abusar de sua gentileza e prestatividade, e mesmo hoje isso nunca mudou. Ele lida com a ingratidão e com a mais pura maldade alheia, com a hipocrisia e com sucessivas tentativas gratuitas de destruir o que dele restou.
Em algum momento ele sonhou que seria diferente, e acreditou que seu sonho tinha se tornado realidade, mas no fim das contas tudo se repete, sempre mais do mesmo, sempre fadado ao tormento porque esse mundo não o quer.

Se este mundo despreza tanto o Poeta Caído, então por que lhe concebeu? Ele nunca pediu para ser invocado, mas assim foi. 

Nada nunca vai mudar até que esse ciclo seja seja derradeiramente interrompido. Resta somente contemplar as soluções definitivas para o problema que é a persistência de seu ser que até agora perdurou. 

quinta-feira, 16 de março de 2023

Fantasma



me sinto como um fantasma,
invisível ao olhar alheio,
sem voz, credibilidade e objetivos. 
estou vivo, mas nem sei o porquê. 

sou tido como inválido,
sem vaidade, sem paixão,
um ser sem nada a ser levado,
fadado ao esquecimento e à solidão.

mas mesmo assim eu existo,
em minha essência e em meu ser,
e apesar do meu desgosto,
continuo aqui. 

se existir é sofrer, fui condenado ao meu viver, 
não há curvas, fugas ou atalhos à seguir. 
como um fantasma, remoo tudo em que me apego,
e assombro almas incapazes de me exorcizar. 

segunda-feira, 13 de março de 2023

Desprezo



eu desprezo minha aparência, 
e também minha voz. 
eu desprezo minha personalidade, 
e também minha falta de sonhos.
eu desprezo meus desejos superficiais, 
e também meu hedonismo barato. 
eu desprezo minha vida, 
e também a existência,
eu desprezo eu. 

o abismo em que eu afundei não é nada mais que meu reflexo, e minha sombra é 
tudo que eu posso oferecer. 

domingo, 5 de março de 2023

Elixir




O Poeta Caído vive em um submundo inseguro, e cheio de riscos. Sua além-vida sempre foi cheia de obstáculos.

Porém em posse do elixir sagrado e real, ele se sente confortável, pois com ele há sua única possibilidade de fuga e conexão com um mundo que não lhe vomita.

Em todos os dias santos, tudo que o poeta quer é dizer adeus e dissolver. Hoje ele pode, será que vai? 

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